LAC-AC

LAC-AC: Liga Acadêmica Curitibana de Análise do Comportamento

quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

Mas por que eu fiz isso de novo?

Texto escrito por Fernanda Greboggy (UFPR, Secretaria LAC-AC)

É frequente nos depararmos com comportamentos (nossos ou de outras pessoas) que não conseguimos compreender, tanto por terem consequências ruins para nós mesmos e termos consciência disso, quanto pelo sentimento de incontrolabilidade a respeito daquele comportamento.

Mesmo que este comportamento seja emitido por nós mesmos, ainda assim temos dificuldade em entender sua origem e os motivos dele ser mantido. No caso de alguém supersticioso, que crê que não deve sair em uma sexta-feira 13 ou pisar em uma risca no chão, muitas vezes a própria pessoa não consegue deixar de emitir estes comportamentos mesmo que eles a prejudiquem.

Mas se sabemos que um comportamento terá uma consequência ruim, por que o emitimos? Como foi explicado no texto anterior da LAC-AC, um comportamento sempre tem consequências e estas influenciam na manutenção ou não desse comportamento. Porém, em alguns casos, isso é um pouco mais complexo - por exemplo, “não haver consequências ruins” é uma consequência, e é esta consequência que ocorre quando alguém não sai em uma sexta-feira 13 ou não pisa em uma risca no chão.

Nas primeiras vezes em que estes comportamentos são emitidos e “não há consequências ruins” a pessoa os repete. Com o tempo eles vão sendo cada vez mais reforçados até o ponto em que isso prejudique a pessoa, mas esta não consiga deixar de emiti-lo, pois teve consequências “boas” por mais tempo. Por outro lado, se a mesma pessoa sair algum dia em uma sexta-feira 13 ou pisar em uma risca, e algo ruim acontecer, o comportamento de não sair nesse dia e evitar pisar em linhas será ainda mais reforçado.

Outros exemplos são comportamentos que nos causam dor e ainda assim surgem e são mantidos, como tatuagens ou depilação. Isso ocorre porque um comportamento tem mais de uma consequência e cada consequência pode influenciar de formas diferentes o mesmo comportamento. Mesmo que a dor pudesse diminuir a frequência de um destes comportamentos, existem outras consequências que fazem com que estes comportamentos sejam mantidos, como a aceitação social, elogios, inserção em um grupo, etc.

Além disso, muitos comportamentos que parecem “descolados” das consequências estão ligados a um histórico de vida de uma pessoa para a qual estes (ou comportamentos similares) foram intensamente reforçados. Assim, não são apenas as condições imediatas do ambiente que influenciam o comportamento, e por isso muitas vezes se torna difícil compreender suas as causas.

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