Texto escrito por Fernanda Greboggy (UFPR, Secretaria LAC-AC)
É frequente nos
depararmos com comportamentos (nossos ou de outras pessoas) que não conseguimos
compreender, tanto por terem consequências ruins para nós mesmos e termos
consciência disso, quanto pelo sentimento de incontrolabilidade a respeito
daquele comportamento.
Mesmo que este
comportamento seja emitido por nós mesmos, ainda assim temos dificuldade em
entender sua origem e os motivos dele ser mantido. No caso de alguém
supersticioso, que crê que não deve sair em uma sexta-feira 13 ou pisar em uma
risca no chão, muitas vezes a própria pessoa não consegue deixar de emitir
estes comportamentos mesmo que eles a prejudiquem.
Mas se sabemos que um
comportamento terá uma consequência ruim, por que o emitimos? Como foi
explicado no texto anterior da LAC-AC, um comportamento sempre tem
consequências e estas influenciam na manutenção ou não desse comportamento.
Porém, em alguns casos, isso é um pouco mais complexo - por exemplo, “não haver
consequências ruins” é uma consequência, e é esta consequência que ocorre
quando alguém não sai em uma sexta-feira 13 ou não pisa em uma risca no chão.
Nas primeiras vezes em
que estes comportamentos são emitidos e “não há consequências ruins” a pessoa
os repete. Com o tempo eles vão sendo cada vez mais reforçados até o ponto em
que isso prejudique a pessoa, mas esta não consiga deixar de emiti-lo, pois
teve consequências “boas” por mais tempo. Por outro lado, se a mesma pessoa
sair algum dia em uma sexta-feira 13 ou pisar em uma risca, e algo ruim
acontecer, o comportamento de não sair nesse dia e evitar pisar em linhas será
ainda mais reforçado.
Outros exemplos são
comportamentos que nos causam dor e ainda assim surgem e são mantidos, como tatuagens
ou depilação. Isso ocorre porque um comportamento tem mais de uma consequência
e cada consequência pode influenciar de formas diferentes o mesmo
comportamento. Mesmo que a dor pudesse diminuir a frequência de um destes
comportamentos, existem outras consequências que fazem com que estes
comportamentos sejam mantidos, como a aceitação social, elogios, inserção em um
grupo, etc.
Além disso, muitos
comportamentos que parecem “descolados” das consequências estão ligados a um
histórico de vida de uma pessoa para a qual estes (ou comportamentos similares)
foram intensamente reforçados. Assim, não são apenas as condições imediatas do
ambiente que influenciam o comportamento, e por isso muitas vezes se torna
difícil compreender suas as causas.
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